MOA participa do 3º Congresso Mundial de Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa (MTCI)

Congresso Mundial de Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa reúne especialistas de mais de 60 países no Rio de Janeiro

 

Participantes da MOA: Sr. Masahiko Hiraizumi (Chile), Sr. Riota Nakaguchi (Brasil), Sra. Tomiyo Hashiura (Brasil),  Dra. Yukiko Inao (Argentina), Sr. Eduardo Shiromizu (Argentina), Dra. Lourdes Muñoz (Brasil), Sra. Adriana Almeida (Brasil)

 

O Rio de Janeiro sediou o 3º Congresso Mundial de Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa (MTCI), um encontro histórico que reuniu pesquisadores, profissionais de saúde e lideranças indígenas de mais de 60 países. O evento discutiu como as práticas integrativas podem fortalecer a saúde pública, proteger a biodiversidade e promover a saúde planetária.

Com o tema “Fortalecendo a Saúde Pública Global por meio da MTCI: Diversidade de Saberes, Sociedades do Bem-Estar e Saúde Planetária”, o congresso foi organizado pelo CABSIN, ISCMR e ESIM, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a OMS, mais de um terço da população mundial faz uso regular de práticas de MTCI, como fitoterapia, acupuntura, Ayurveda e medicinas indígenas. Durante o encontro, foram apresentados estudos e experiências que unem sabedoria ancestral e pesquisa científica, mostrando resultados concretos, como o uso sustentável de plantas medicinais amazônicas no cuidado oncológico. A OMS também anunciou a criação da Biblioteca Global de Medicina Tradicional, que reunirá mais de 1,7 milhão de publicações científicas sobre o tema.

O Brasil tem se destacado internacionalmente com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), que completa 20 anos em 2026. Apenas em 2024, o SUS registrou mais de 9 milhões de atendimentos em práticas integrativas — um reflexo do crescente interesse da população por cuidados mais humanos, sustentáveis e centrados na pessoa.

O congresso está alinhado com importantes diretrizes e declarações internacionais da OMS, como a Declaração de Gujarat (2023) e a Declaração de Astana (2018), que reconhecem a MTCI como parte estratégica para alcançar a Cobertura Universal de Saúde e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

 

Além disso, o evento marcou:

  • 20 anos do Congresso Internacional de Pesquisa em MTCI;
  • 17º Congresso Europeu de Medicina Integrativa;
  • Lançamento da nova Estratégia Global de Medicina Tradicional da OMS (2025-2034);
  • Celebração do Dia Mundial da Medicina Tradicional (22 de outubro).

 

Os principais objetivos do congresso foram:

  • Valorizar a diversidade de conhecimentos tradicionais, científicos e culturais;
  • Fortalecer a saúde pública global com práticas seguras, eficazes e culturalmente apropriadas;
  • Promover pesquisas baseadas em evidências com metodologias inclusivas e multidisciplinares;
  • Estimular a colaboração internacional e redes de cooperação;
  • Incentivar inovação sustentável inspirada em saberes tradicionais;
  • Defender equidade, acessibilidade e justiça social nos sistemas de saúde;
  • Gerar impacto real com propostas e ações práticas pós-congresso.

Esses objetivos estão organizados em 10 princípios norteadores, como inclusão, diversidade, colaboração, sustentabilidade, inovação e impacto no mundo real.

 


 

REPORT OF 3RD WORLD CONGRESS ON TRADITIONAL, COMPLEMENTARY AND INTEGRATIVE MEDICINE

Analise do contexto do Congresso por Dra. Lourdes Maria Cardoso Muñoz, médica e terapeuta da MOA Rio de Janeiro

Ao analisar o contexto do 3º Congresso Mundial de Práticas Integrativas e Complementares, é possível perceber que ele surge em um momento estratégico da saúde pública global, caracterizado pelo aumento das doenças crônicas, transtornos mentais, desigualdades sociais e ambientais, e a necessidade de modelos de cuidado mais humanos e sustentáveis. Neste espaço discutiram evidências, políticas públicas e experiências internacionais de integração das PICs na atenção primária e destacando a integração entre ciência, saberes tradicionais e espiritualidade, terminando com o modelo biomédico tradicional, tendo uma visão de saúde biopsicossocial e espiritual. Sendo os objetivos mais importantes o fortalecimento das redes de cooperação internacional; a construção de políticas globais mais humanas e inclusivas e a promoção do bem-estar coletivo e planetário como “saúde única”.A abordagem integrada coloca o paciente no centro do cuidado, considerando não só o corpo, mas também mente, emoções e espiritualidade.

Na área da Naturopatia e Educação se analisaram estratégias para um programa educacional para profissionais terapeutas e médicos, com o intuito de que exista organização em cada país e estado e de ingressar ao sistema de saúde, acolhendo em todos os níveis de educação, estabelecendo padrões segundo o nível. Em 1902 começa a Naturopatia Integrada Moderna que são práticas ancestrais de diferentes conhecimentos. Em pesquisa, 22 por cento da população tem ancestrais indígenas.

No Brasil as terapias mais importantes são os florais, massagem, auriculoterapia, fitoterapia e medicina chinesa, como também, em percentual menor, a Ayurveda, reflexologia, cromoterapia, terapias expressivas e terapias corporais. É uma formação voltada para os SUS, com o objetivo que se expanda para as universidades públicas, já que as pesquisas acontecem nessas instituições, na abordagem na criança e no adolescente, na mulher, no idoso e na saúde do trabalhador e na saúde coletiva e mental e nos atendimentos individuais e coletivos e de forma mais humanizada.

Um trabalho interessante foi o cuidado da preconcepção da mulher e a família, porque existe a oportunidade de unir 3 gerações de assistência médica em um único momento, exemplo é a criança influenciada pela saúde da avó porque o material reprodutivo da mãe está sendo desenvolvido no momento em que a avó está sendo grávida deles, sendo momento ótimo de influência a programação genética de longo prazo do bebe antes de nascer.

Tema a destacar foi a Ayurveda, que manifesta como grande potência de levar o humano mais longe do país e chegar aos 90 anos ou até mais com energia, disposição e tendo vida significativa com equilíbrio, porque a realidade da vida é a realidade da mente, sendo o novo paradigma da saúde, combinando ciência, sabedoria ancestral, espiritualidade pragmática e o futuro da medicina, vai tratar o ser e não a doença, cuidar da totalidade e não apenas da parte.

Nas experiências em medicina indígena, eles manifestam que pensam em tecnologia em formato diferente, com um reconhecimento ao nível ancestral. As necessidades de que cada povo vai ter casa de cura indígena a partir de sua particularidade, precisando a prática no atendimento de saúde com equidade; exemplo, uma indígena que quer um parto BARE, não tem essa formação dentro de uma maternidade, é medicina originária, não alternativa ou integrativa. Refere que não dá para construir política pública de saúde, sem os povos indígenas, sem entender as pessoas onde moram. Outro fato, em toda a bacia amazônica, é atingido áreas além da mineração, do agronegócio, da exploração madeireira, do garimpo, da grilagem, da contaminação das águas, etc., sendo consequências da ação humana. A perda de biodiversidade e a degradação insustentável acontecem frequentemente em áreas indígenas; os indígenas são muito diversos, compostos por 305 grupos étnicos que falam 274 línguas diferentes e 51 por cento deles vivem na Amazônia, é importante observar que os povos indígenas desempenham um papel vital na manutenção de ecossistemas resilientes as mudanças climáticas, ajudando a preservar 80 por cento da biodiversidade restante de suas florestas tropicais em incêndios florestais.

Outro tema importante é sobre o uso de medicamentos tradicionais, um 80 por cento das pessoas de África continua usando medicinas tradicionais como primeira opção, então referem a necessidade de trabalhar em direção à institucionalização das medicinas tradicionais, criando plano de ação para começar a implementar a estratégia e desenvolver protocolos para medicamentos tradicionais. Tendo como desafios a falta de financiamento em termos de pesquisa, a regulamentação fraca desses medicamentos, que cada país faz o que quer, não há coordenação.  Acredita-se que a África é inexplorada, podendo oferecer algo ao mundo em termos desse conhecimento; trabalhar para fazer isso.

Na região das Américas, desenvolveram estruturas de governança porque perceberam que o grupo técnico da OMS vem monitorando principalmente 3 tipos de mecanismos de governança de MTCI, concentraram-se no monitoramento de políticas nacionais sobre legislação nacional de MTCI e regulamentação nacional de medicamentos fitoterápicos. Como parte da biblioteca global de medicina tradicional, seria mais uma iniciativa do Centro Global de Medicina Tradicional do grupo temático da OMS.

Na Europa, a Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa assume muitas formas, em que em alguns países ela é formalmente regulamentada e integrada até certo ponto, em outros, existe um ponto com o tratamento convencional reconhecido, mas não está regulamentada. Na Alemanha, Suíça e nos Países Nórdicos, faz parte de sistemas hospitalares e universitários. No sul da Europa é pago pelo próprio bolso. Precisam realmente encontrar modelos, como ampliar e integrá-los.

Na China, os hospitais de Medicina Integrativa representam aproximadamente 15 por cento do país, para integrar isso, o governo encorajou os médicos a terem formação em Medicina Tradicional Chinesa.

Também existiram estudos como WHO Global Strategy, no que desenvolveram uma estratégia relevante, trata-se de uma plataforma on-line para que qualquer Estado-membro que deseje atualizar ou fornecer novas informações, pode aderir uma atualização simultaneamente com informações mais relevantes e recentes; monitorar o processo global do Sistema de Saúde.

Chegando à conclusão de que as coisas precisam mudar, estão preocupados com o planeta, não serem consertados em uma forma única de cura, tendo que fazer um cuidado de saúde diferente, tendo práticas coletivas acima de tudo, com um grau de doenças crônicas e problemas mentais que a população tem. Com a abordagem individual, a gente não vai ter como impactar a saúde das pessoas; então reconectar as pessoas com essa prática corporal chinesa, yoga etc. em espaços públicos, em parques, áreas verdes, seria uma grande virada do cuidado da saúde, já que as pessoas estão muito conectadas em ambientes virtuais. Um exemplo em que isso é mais vivido, quando pensamos em nutrição e quando começamos a ensinar as crianças a cozinhar para si mesmas e entender a comida, sendo realmente o primeiro passo.

Considero que o Congresso constituiu um passo de integração não considerando só uma tendência terapêutica e sim significando um modelo de cuidado que promove saúde integral, uma medicina mais humana, sustentável, baseada em evidências e em valores culturais e espirituais em prol da humanidade e do planeta. E abrindo o caminho para a construção da nova Civilização e da Medicina do futuro, proclamada por Mokiti Okada.

Este evento também abriu caminhos de parcerias da MOA International entre diferentes países da América, espera-se que possa se criar modelos de protocolos de pesquisas e colaboração baseados no Método de Saúde Okada, através de encontros planejados pelo Presidente, com a participação dos diferentes terapeutas.

Percebo que poderia ser a chave de um novo rumo em minha dedicação. Quero deixar a minha gratidão à Rede PICS/RJ pela oportunidade e pelo comprometimento que expressam em promover a integração das práticas complementares ao nosso Sistema Único de Saúde, considero que têm papel ativo e eficaz na difusão e na promoção de uma atenção mais humanizada.

 


 

Relato de Adriana Almeida, Educadora Física e Coordenadora da MOA Rio de Janeiro.

Primeiramente, gostaria de expressar minha gratidão por todo o apoio dos terapeutas. Somos um grupo aparentemente pequeno, mas com grande força de atuação. Juntos, seguimos empenhados em criar novas possibilidades, acreditando que, através do acolhimento, podemos expandir o Método de Saúde Okada.

A participação da MOA International no 3º Congresso Mundial de Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa representa o início de um novo modelo, fundamentado na integração, intercâmbio, apoio, fortalecimento, cuidado e acolhimento dos Terapeutas MOA.

 

Sobre a Rede PICS

No Brasil, o principal desafio da Rede PICS é consolidar e fortalecer as Práticas Integrativas e Complementares dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo que elas sejam reconhecidas, estruturadas e acessíveis à população, e que os profissionais tenham condições adequadas de trabalho, formação e acompanhamento.

 

Sobre a Medicina Integrativa

Segundo as palavras do Dr. Andrew T. Weil, fundador do Centro de Medicina Integrativa da Universidade do Arizona, a Medicina Integrativa é uma abordagem médica orientada para a cura (healing), tendo como foco o cuidado do paciente em sua totalidade — mente, corpo, espírito e estilo de vida. Além disso, enfatiza o relacionamento terapêutico e emprega todas as terapias adequadas para cada caso, tanto as convencionais quanto as complementares. A Medicina Integrativa representa uma mudança de paradigma: desloca o foco do modelo convencional centrado na doença, na intervenção, na medicalização e nos procedimentos de alta complexidade para um modelo de promoção da saúde, voltado à melhoria da qualidade de vida e ao empoderamento das pessoas em práticas que favorecem a mudança de estilo de vida. Em consonância com esses princípios, a MOA International tem como propósito criar comunidades física e mentalmente saudáveis, promovendo a saúde com base no Método de Saúde Okada, que atua na melhoria da qualidade de vida e no fortalecimento do ser humano por meio de práticas que estimulam um estilo de vida saudável e sustentável. Dessa forma, adota-se um tratamento integrativo que interliga o indivíduo, a coletividade, a natureza e a espiritualidade, reafirmando o compromisso da MOA com a construção de uma sociedade harmoniosa e equilibrada.

 

Sobre as Práticas Integrativas e Complementares

A Portaria nº 702/2018 do Ministério da Saúde incluiu, na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), a imposição de mãos como prática terapêutica. O texto descreve que essa técnica implica um esforço meditativo para a transferência de energia vital por meio das mãos, com o objetivo de restabelecer o equilíbrio do campo energético humano, auxiliando no processo saúde-doença. Faz uso do fluxo de energias curativas multidimensionais que atuam no corpo, nos sistemas energéticos e espirituais, promovendo mudanças terapêuticas. Desenvolvida pela MOA International, a Terapia de Purificação Okada (TPO) é uma terapia bioenergética que utiliza a técnica de imposição de mãos — e, assim, enquadra-se plenamente nessa competência reconhecida pelo Ministério da Saúde. Baseado no Método de Saúde Okada, esse modelo terapêutico fundamenta-se na observação atenta da natureza humana, no respeito que ela merece e na busca pela melhoria da qualidade de vida. Promove o empoderamento das pessoas por meio de práticas que favorecem um estilo de vida saudável e sustentável. Dessa forma, adota uma abordagem integrativa que interliga o indivíduo, a coletividade, a natureza e a espiritualidade.

 

Conclusão

Concluímos que o Congresso constituiu um importante passo de integração — não apenas como uma tendência terapêutica, mas como um modelo de cuidado que promove a saúde integral: uma medicina mais humana, sustentável, baseada em evidências e em valores culturais e espirituais, em prol da humanidade e do planeta. Este evento também abriu caminhos para parcerias entre países das Américas, com a perspectiva de criação de protocolos de pesquisa e colaboração internacional baseados no Método de Saúde Okada. Assim, seguimos contribuindo para a construção da nova civilização e da medicina do futuro, proclamadas por Mokiti Okada.

Muito obrigada!

 


 

Um pouco do congresso em fotos